A tecelagem manual é provavelmente uma das artes mais antigas. Supõe-se que começou a se desenvolver por volta de 5.000 a.C. Em todas as culturas são encontrados vestígios dessa atividade, marcando a própria história do respectivo povo.
Por volta do século XIII, surgiu na Europa o tear horizontal manual, que substituiu, quase por completo, os teares primitivos, em muitos países.
No Brasil, na época do descobrimento, os índios já trabalhavam a “trama e a urdidura” de forma primitiva. No período da colonização, os portugueses trouxeram, além de toda a técnica, os objetos necessários ao desenvolvimento da tecelagem artesanal: teares, rocas, cardas e outros. Por necessidade, essa atividade firmou-se na colônia, onde tecidos eram produzidos para o povo simples e para os escravos.
No século XVIII, havia uma grande necessidade de concentrar a mão de obra nas minas e lavouras, que não poderia ser desviada, e então, em 05/01/1785 D. Maria I decretou a queima de todos os teares, proibindo, assim, a atividade da tecelagem no Brasil.
Mesmo diante das medidas repressoras por parte das autoridades, a tecelagem artesanal nunca parou completamente, conservando em suas características traços culturais do povo e da época.
A técnica renasceu durante o modernismo, tendo Regina Graz como precursora, intensificando-se na época do ciclo do café, com o hábito do uso de tapetes. No final do período, muitos colonos frustrados com o declínio do café, migraram para Minas Gerais e retomaram, definitivamente, as atividades de tecelagem, propiciando o florescimento do artesanato doméstico.
Nem mesmo a Revolução Industrial reduziu a importância da tapeçaria manual, cuja estética e beleza não podem ser reproduzidas pelas máquinas.
A arte da tapeçaria abrange várias técnicas e utiliza diversos materiais como juta, sisal, barbante, lã, seda e outros, que combinados de forma criativa evocam a memória do uso ancestral do tear. Esse instrumento, que acompanha a humanidade desde os primórdios da civilização, oferece um testemunho do refinamento alcançado pelos povos.
Definem-se como sendo máquinas que transformam filamentos ou fios em tecidos.
No geral, esses tecidos resultam da reunião de filamentos verticais paralelos (urdidura) com transversais horizontais, relativamente ao comprimento do tecido (trama).
Essa reunião, a que se dá o nome de entrelaçamento, resulta da passagem, ao longo da largura do tecido, dos filamentos que vão, ora por cima, ora por baixo dos filamentos da urdidura. O padrão do entrelaçamento da urdidura e da trama determina a configuração e padronagem do tecido acabado.
Num tear simples há, pelo menos, dois quadros, que são travessas que possuem pequenas alças metálicas (malha) por onde passam os fios da urdidura. Quando um quadro é levantado, o outro é baixado, permitindo uma passagem bem definida para os fios da trama.
Essa passagem da trama é feita através da laçadeira (ou navate), componente que desenrola o fio à medida que atravessa o tear lateralmente.
O tear manual horizontal (primitivo) surgiu na Europa, por volta do século XIII, espalhando-se por quase todo o mundo.
Ainda hoje, diversos trabalhos são realizados nesses teares, com origem européia.
Sempre atraindo as pessoas, a tecelagem encanta as crianças e dificilmente uma pessoa com alguma sensibilidade não para diante de um tear funcionando.
De alguma forma as reações diante de um tear demonstram emoção e admiração, talvez até evocando alguma memória ancestral desse instrumento que vem acompanhando a humanidade, trazendo proteção e aconchego nas noites frias; servindo de registro da memória dos feitos de cada povo, expressa em tapeçarias e oferecendo um testemunho do refinamento que cada povo tem alcançado.
O algodão provém de uma planta denominada algodoeiro. Conforme a variedade, pode ser uma árvore ou um arbusto, com folhas alternadas e que dão flores amarelas ou vermelhas. A qualidade do algodão varia de acordo com o tipo de algodoeiro, pois umas variedades fornecem fibras mais compridas que outras.
No Brasil, o algodão é colhido entre maio e junho, quando os frutos amadurecem e as cápsulas que envolvem as sementes se abrem, podendo então ser colhida a matéria fibrosa constituída de pêlos, que revestem as sementes e que se denomina capulho.
Estas fibras brutas passam por uma série de operações preparatórias, antes de serem transformadas em fios. Resumidamente, são as seguintes:
As grandes indústrias possuem maquinários que realizam estas mesmas etapas, com velocidades maiores, incluindo ainda o tingimento das fibras. Várias são as opções de fios e linhas que podemos utilizar na tecelagem manual.
De todas as matérias primas utilizadas na tecelagem manual, a lã apresenta as maiores qualidades do ponto de vista têxtil. Pode ser misturada com outras fibras, possibilitando a elaboração de tapetes, peças de vestuário e tapeçarias para decoração.
Além de ser um material muito fino, a lã possui uma estrutura que facilita a fiação, quando se deseja juntar vários pêlos, para a obtenção de um fio contínuo. Outra vantagem é a grande elasticidade, da ordem de 30 %, sem deformação do pêlo, o que impede que as fibras, mesmo quando muito finas, arrebentem ao serem esticadas na fiação. A facilidade de fixação de corantes químicos ou naturais, durante o processo de tingimento, é outra das vantagens apresentadas por esta fibra. De acordo com a raça da ovelha, obtém-se fibras de diferentes comprimentos. O processo de obtenção da fibra de lã , possui várias etapas. clique no link, para saber mais sobre cada etapa.
A qualidade da fibra varia, conforme se extrai de um animal morto ou vivo. A lã “morta”ou “de pelego”, obtida por processos químicos ou mecânicos, é mais dura e quebradiça do que a lã “viva” ou “de velo”, extraída por tosquia manual.
A lã geralmente chega nas tecedeiras em estado bruto, sendo necessária as seguintes operações antes da fiação:
Seleção manual, ou triagem, para separar a lã de acordo com sua qualidade, pois mesmo a lã de uma única ovelha não é homogênea. A melhor qualidade vem dos flancos do animal. A lã das espáduas, do pescoço e do dorso já é de qualidade inferior, enquanto que a dos quadris, das pernas e da barriga é muito embaraçada e suja. As vezes é necessário jogar fora parte da mesma, por estar muito encaroçada e suja.
Outro processo de seleção é a cor, já que pode ser encontrada em vários matizes de marrom e bege, e varia do branco ao preto.
Lavagem, com água e sabão em água morna, para retirada da gordura (lanolina) existente. Deve-se ter o cuidado de não ferver a lã, pois ela corre o risco de “feltrar”.
Limpeza, depois de seca, costuma-se abrir a lã com os dedos. Este processo serve para dar uma desembaraçada nas fibras e eliminar impurezas.
Após lavada, a lã é manualmente limpa e aberta.
Ao cardar, completa-se o destrinçamento das fibras e, posteriormente, sua limpeza. Desfazendo-se nós e limpando ainda mais as fibras, ao retirar o restante das impurezas, a cardação permite que se forme uma fita ou pasta homogênea própria para ser fiada.
Existem 2 processos: o MANUAL e ELÉTRICO
Para cardar manualmente , emprega-se duas escovas com fios de aço, denominadas “cardas”, que penteiam a lã, eliminando todos os nós, destrinçando-a e deixando-a pronta para ser fiada. (algodão, lã e paina são cardados através da mesma técnica).
Para agilizar o processo, pode-se utilizar uma cardadeira (carda elétrica), que constituem de dois tambores rotativos revestidos com fios de aço, que executam o mesmo trabalho das cardas manuais, mas com maior rapidez.
No processo manual , as duas cardas são movimentadas em sentidos opostos para provocar o destrinçamento das fibras e deixar a lã pronta para ser fiada.
No processo elétrico, com o uso da cardadeira, obtém-se rapidamente uma “manta” de lã, pronta para ser fiada.
Fiar, consiste na transformação da manta ou pasta em fio, através do retorcimento e alongamento das fibras. A torção confere ao fio, resistência à tração, pois faz com que as fibras se apertem uma contra as outras. Uma vez fiados, os fios vão sendo enrolados em novelos. A fiação pode ser feita através de uma roca, que pode ser manual ou elétrica.
No processo de fiação, pode-se obter um fio fino ou grosso, dependendo do manejo das mantas ao passar pela roca. Quando o carretel da roca estiver cheio, o fio produzido é retirado, fazendo-se novelos. Estes novelos podem ser transformados em meadas, caso forem tingidos posteriormente.
Tingimento é um processo opcional, pois muitas vezes utiliza-se a lã em suas cores naturais – branco, marrom, bege e preta. Neste processo, podem ser utilizados corantes químicos ou naturais, como folhas e flores, obtendo-se uma gama muito grande de cores.
Para a lã ser tingida, é necessário que os novelos sejam transformados em meadas. Para isto, utiliza-se um equipamento denominado “Meadeira” ou “Dobadeira”. Prende-se a extremidade do novelo em um dos pinos da meadeira e, girando-a, obtemos uma meada.
A meadeira tanto é utilizada para a obtenção de meadas a partir de novelos, como para a obtenção de novelos a partir de meadas (após estas terem sido tingidas).
A Tecelagem Manual possibilita a elaboração de tecidos destinados à confecção de bolsas, cortinas, toalhas, jogos americanos, vestuários, utilitários, tapeçarias de parede, tapetes e tudo o mais que sua criatividade determinar.
As possibilidades são infinitas e, após o aprendizado dos pontos básicos , as combinações de cores , pontos e formas, vão definir o aspecto e a utilidade do produto final.
Para tecermos, necessitamos de um equipamento denominado “tear”, sendo o mais utilizado pelos principiantes, o conhecido pelo nome de “Tear Pente-Liço”, que possibilita de uma maneira bastante simples e rápida, a execução de peças utilitárias e decorativas.
Para se explicar a tecelagem manual e o princípio de funcionamento de um tear, é necessário o conhecimento dos seguintes conceitos básicos:
A urdidura é colocada através do pente, e seus fios são mantidos com uma tensão constante. O movimento vertical do pente faz surgir a abertura denominada cala, por onde é passada a trama, sucessivamente de um lado para outro, entrelaçando desta maneira os dois conjuntos de fios.
Vários são os tipos de teares existentes, cada um com uma finalidade específica. A escolha do tear a ser utilizado depende da nossa proposta de trabalho e do que queremos executar: seja fazer um tapete, uma tapeçaria para enfeitar nossa casa, ou ainda, confeccionar alguma peça de vestuário, como casacos, coletes ou utilitários, como bolsas, pochetes e cintos.
Os teares mais conhecidos e suas utilidades são os seguintes: